08 de Outubro de 2020, 17:43
  -  Religião - Goiás
MP revela que Justiça também bloqueou investigação sobre suposta chantagem de policiais a padre Robson

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou nesta quinta-feira (8) que viu com "perplexidade" a decisão da Justiça de paralisar a investigação contra o padre Robson por suspeita de desvios milionários na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). O órgão revelou ainda que a sentença também interrompeu uma apuração paralela, que tem como alvos agentes da Polícia Civil suspeitos de chantagearem o sacerdote quando hackers extorquíram dinheiro dele para não revelar supostos casos amorosos.

 

 

 

A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou "que não irá se manifestar sobre as declarações do promotor de Justiça, tendo em vista que o fato é investigado pelo Ministério Público, como dito em entrevista coletiva. A Polícia Civil não comenta investigações de outros órgãos e reafirma que todas as denúncias de infrações penais e administrativas praticadas por policiais civis são rigorosamente apuradas pela Corregedoria da instituição".

 

 

Já a defesa do padre disse em nota que "nunca houve irregularidade enquanto padre Robson presidiu a Afipe" e que a "decisão do Tribunal de Justiça é autoexplicativa". Em relação à investigação dos policiais, disse que "é um assunto interno, afeito ao Ministério Público e à Polícia Civil, instituições respeitadas pelo padre Robson" (leia a íntegra ao final do texto).

 

 

Já a nova diretoria da Afipe informou que, "independente da decisão da Justiça", continuará seu planejamento a frente da entidade, que inclui o trabalho de auditoria, reforma administrativa e demais ações.

 Fonte:G1-GO

 

 

As informações foram passadas durante entrevista coletiva virtual. De acordo com o promotor de Justiça Sebastião Marcos Martins, chefe do grupo que responsável pela Operação Vendilhões, que investigou o padre e outras empresas por suspeita de desvios de R$ 120 milhões, as informações trazidas pela defesa do pároco que serviram como base para o pedido de trancamento "não correspondem aos fatos".

 
 

Ele explicou que concorda com a defesa do padre de que a investigação não foca na aquisição de bens como fazendas e casa na praia pela Afipe, mas sim de irregularidades feitas a partir dessas negociações. Por isso, reforçou que o órgão vai recorrer da decisão.

 

 

A decisão do TJ-GO paralisou o processo do MP-GO, na terça-feira (6), por meio de um habeas corpus concedido em favor do padre, o que obriga os promotores a interromperem a investigação sobre o suposto desvio de R$ 120 milhões do montante doado por fiéis.

 

 

 

"A decisão fala que o MP não deve investigar se a Afipe pega a doação e compra fazenda. Nós concordamos, porque não investigamos isso. [...] Sempre dissemos que isso é licito. A nossa questão são os desvios feitos a partir das compras realizadas. É uma decisão que a gente ficou perplexo", pontua.

 

 

O MP apontou ainda que os supostos desvios na Afipe foram usados para a aquisição de imóveis para alguns parentes do padre Robson e que isso caracterizaria um crime.

 

Investigação de policiais

 

Para justificar que o entendimento não foi correto, o promotor disse que a Justiça trancou não só a apuração sobre os desvios, mas também outra que versa sobre a suspeita de corrupção praticada por agentes da Polícia Civil no caso de extorsão de dinheiro ao padre.

 

 

 

"A partir da extorsão [de dinheiro] do padre, gerou-se dois procedimentos: um refere-se aos desvios na Afipe e outro sobre a investigação de agentes da Polícia Civil, do MP investigando possível corrupção da Polícia Civil e que pode ter acontecido no momento em que o padre foi extorquido", revela.

 

 

 

"Pode ter ocorrido corrupção em outros fatos que são também objeto da investigação. O procedimento apura a manipulação de dados do sistema da Polícia Civil. É o MP fazendo uma investigação criminal sobre agentes da polícia civil que, por alguma razão, tiveram contato com a Afipe e podem ter também extorquido dinheiro do padre", completa.

 

 

Martins não disse quando essa investigação dos policiais começou, mas destacou que trata-se de uma "linha de investigação sigilosa". Para sustentar que não havia motivo para trancamento, incluindo desta ação, ele disse não ver qualquer relação com o que foi defendido e utilizado como argumento pela defesa do padre para bloquear a apuração.

 

 

"O que a compra da fazenda tem a ver com o policial civil que está praticando o crime na delegacia de polícia e está sujeitando alguém a uma extorsão ou algum tipo de constrangimento? É uma investigação que nós temos sobre a Polícia Civil. Não tem por onde se vincular essa investigação ao tema que era discutido habeas corpus. Não tem nada a ver uma coisa com a outra", salienta.

 

Provas

 

O promotor de Justiça Sandro Haldfeld, que também atuou na operação, disse que existe um grande conjunto de provas em desfavor do padre, inclusive, apresentadas por pessoas apontadas como "laranjas" na investigação, bem como de funcionários da própria Afipe.

 

 

 

Uma dessas evidências, segundo ele, é um documento apreendido no dia da operação enviado por um diretor da associação direcionado ao padre Robson. Em um trecho, lido pelo promotor, o servidor admite a ocorrência dos crimes investigados pelo MP.

 

 

"Quer dizer que a 'solução' é passar o recibo, cristalizar a situação criminosa de lavagem de dinheiro, caixa 2, organização criminosa, simulação, desvio de finalidade, entre outros. E alegar que um presidente, um padre, diga-se de passagem, não qualquer padre, com mestrado, administrador de uma instituição milionária, e os advogados, uma vez questionados, responderão: 'Não sabíamos, não fizemos com dolo, erramos mas foi por desinformação e ignorância da lei", narrou.

 

 

Padre Robson teve ação por desvios trancada pela Justiça — Foto: Reprodução/Instagram

Caso de extorsão

 

Um processo de extorsão de dinheiro contra o padre, em 2017, originou a Operação Vendilhões, que apura os desvios na Afipe. A denúncia da época cita que o pároco foi alvo de pelo menos cinco extorsões e repassou montante em dinheiro da entidade, da qual é fundador e presidente afastado, o que chamou a atenção dos investigadores.

 

 

Segundo o MP, dois hackers conseguiram invadir o celular e o computador pessoal do padre. As extorsões começaram no dia 24 de março de 2017. Um hacker, sob a alcunha de "Detetive Miami", enviou um e-mail ao religioso pedindo R$ 2 milhões para não revelar informações pessoais dele, entre elas, um suposto caso amoroso do padre.

 

 

Os valores repassados ao grupo chegaram a R$ 2,9 milhões, sendo boa parte em dinheiro vivo. Deste total, o MP apontou que a Afipe teve um prejuízo de quase metade - R$ 1,2 milhão - só com esses pagamentos.

 

 

A denúncia do MP sobre o caso dos hackers resultou na condenação de cinco pessoas envolvidas nas ameaças. O procedimento levantou também suspeitas sobre os gastos altos da Afipe em casos não relacionados com as ações religiosas do órgão.

 

 

Nota da defesa do padre:

 

A defesa reforça que nunca houve irregularidade enquanto padre Robson presidiu a Afipe. As decisões sobre recursos e investimentos eram divididas entre os dez membros da diretoria. Por não haver dinheiro público, a Afipe, entidade privada, é gerida e fiscalizada por este conselho, em atenção às regras constitucionais.

 

 

 

 

 
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO
BANNER PUBLICITÁRIO