O ministro da Educação, Abraham Weintraub, admitiu a aliados e interlocutores na noite desta quarta-feira (17) que deverá deixar o cargo nas próximas horas. A essas pessoas, o titular do MEC disse que o atual secretário nacional de alfabetização, Carlos Nadalim, deve ser indicado como ministro interino da pasta. À CNN, Weintraub limitou-se a dizer que “provavelmente” Nadalim será seu substituto temporário.
Weintraub, por sua vez, deve ser indicado para um cargo fora do país. Uma das opções mais prováveis é o presidente Jair Bolsonaro indicar o atual titular do MEC para uma diretoria do Banco Mundial. Dessa forma, o ainda ministro deixaria o país e sairia da cena política nacional.
Em conversas reservadas com aliados e interlocutores, o titular do MEC admite temor de ser preso e até de sofrer agressões e ataques físicos.
Como a CNN noticiou ainda no domingo (14), Bolsonaro ficou “muito irritado” com a ida de Weintraub à manifestação pró-governo naquela manhã, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Em conversa com manifestantes, gravada em vídeo, Weintraub voltou a se referir a ministros do Supremo Tribunal Federal como “vagabundos”, como fez na reunião ministerial de 22 de abril.
A avaliação no Planalto foi de que, ao criticar publicamente o STF, o ministro deu razão para as críticas da Corte contra ele e mais munição para seus opositores aumentarem a pressão por sua demissão.
“O STF estava sem razão de reclamar de uma fala numa reunião que o Celso de Mello expôs. Todo mundo enxergava isso. Agora o Abraham foi lá e deu razão para o STF”, avaliou à CNN um auxiliar presidencial.
Integrantes do governo também passaram a ver uma falta de sintonia do titular do MEC com o presidente. Enquanto Bolsonaro agia para “proteger” o ministro, Weintraub atuava para obter ganhos políticos com a crise.
Irritado, Bolsonaro, então, pediu a auxiliares sugestões de nomes para o lugar de Weintraub. A exigência é de que o substituto agradasse à militância bolsonarista assim como o atual titular do MEC.
Assim como Weintraub, Nadalin é seguidor do escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru do bolsonarismo. Seu nome, portanto, agradaria à chamada ala ideológica do governo.