Pouco mais de 300 milhões de anos atrás, duas criaturas morreram de forma trágica. Elas estavam dentro de um buraco no toco de uma árvore, até que um evento drástico soterrou a cavidade com sedimentos.
Cientistas acham que a toca foi inundada em uma tempestade. Esses répteis, parecidos com lagartos, forneceram uma evidência sólida de que pais e mães já cuidavam de suas crias 40 milhões de anos antes do que se esperava.
Havia dois fósseis de vertebrados quadrúpedes no interior do antigo toco — um maior, outro menor. O grande media cerca de 20 centímetros do focinho até a base da cauda e foi fossilizado em uma posição curiosa junto do réptil pequeno.
O bichinho estava embaixo de uma das patas do bichão, e enrolado pela sua cauda. É um indício convincente de que a mamãe (ou o papai) tentou proteger o filhote do perigo iminente. Não conseguiu.
Mas, para os cientistas, o sacrifício desses animais foi de grande valor. Pertencentes a uma espécie até então desconhecida da família Varanopidae, bem mais antiga que os dinossauros, os répteis sugerem que o cuidado parental é um comportamento que existe desde não muito depois de os vertebrados dos ambientes aquáticos invadirem a terra firme, por volta de 400 milhões de anos atrás.
A descoberta ocorreu na ilha de Cape Breton, que fica na província de Nova Escócia, ao leste do Canadá.
Outro fato inusitado é que quem encontrou os restos mortais das criaturas foi Brian Hebert, um sujeito que não é paleontólogo profissional, mas sim um entusiasta de fósseis e dono de uma lojinha de souvenirs. Hebert também organiza passeios nas falésias de Joggins, litoral riquíssimo em fósseis. Ele é parte da equipe de campo de Hillary Maddin.
Maddin é pesquisadora da Universidade de Carleton em Ottawa e foi uma das autoras do artigo, publicado nesta segunda (23) na Nature Ecology and Evolution. “Esses fósseis muito frágeis, especialmente o bebê, estão preservados em uma posição muito natural e devem ter sido enterrados muito rapidamente”, ela disse ao jornal The Guardian.
O estudo é importante pois enriquece o debate em torno do surgimento do tal “amor materno”.
Fonte:Super Interessante