“Preciso da cirurgia para eu parar de ficar me humilhando para os outros, porque você bate de porta em porta, e a porta sempre está fechada. Porque preciso trabalhar para ter um objetivo na vida e conseguir cuidar dos meus filhos. Se eu não fizer isso, vou perder onde moro”, diz, emocionada.
Desde a comprovação da neurofibromatose, aos 12 anos, Marta Helena recebe auxílio-doença mensalmente. O valor é equivalente a um salário mínimo.
No entanto, o dinheiro não é suficiente para sustentar ela e os dois filhos, de 17 e 15 anos. Os três moram em uma casa que ela construiu com o dinheiro da venda de balinhas na rua, mas as prestações do lote ainda precisam ser pagas ao longo de 12 anos.
“Todo mês é R$ 380 do lote. Aí tem água, energia, despesa dentro de casa, o bujão de gás, material escolar dos meninos, e aí vai indo”, comenta.
Marta Helena conta que chegou a ganhar uma cirurgia plástica, há 15 anos, de um médico de Trindade que se comoveu com a situação dela. No entanto, após 10 anos, as deformidades provocadas pela doença voltaram a aparecer no rosto dela.
Ainda segundo Marta, ela conseguiu um encaminhamento para a cirurgia no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (Crer), mas ainda não sabe quando ou se o procedimento será realizado.
“Saiu uma vaga para mim no Crer, mas até agora só passei por consulta e fiz uma ressonância. Nem sei se essa cirurgia vai sair mesmo”, diz.
Em nota, o Crer informou que o médico responsável pela consulta de Marta solicitou exames. Porém, até o momento, a unidade afirmou que não recebeu autorização para o agendamento no Crer.
"Como a paciente é de Trindade, as solicitações devem ser levadas para a Secretaria Municipal de Saúde do município de origem para a devida autorização. Neste caso, a unidade orienta que a paciente entre em contato com a Secretaria Municipal de Saúde da cidade de origem para mais informações sobre essa autorização", informou o Crer.